Live “Mulheres Negras: Unidade na Diversidade” tem participação de Sacerdotisa Ìyálorisa Joilda

No último domingo, 21, a Sacerdotisa Ìyálorisa Joilda Ti Osùn –  Joilda Pereira de Jesus, presidente das entidades Ilé Àse Ti Tóbi Ìyá Àfin Òsùn Alákétu e AIABA – Associação Interdisciplinar Afro-Brasileira e Africana representou o município de Arapongas no evento online “Mulheres Negras: Unidade na Diversidade”. A live foi realizada pela a Rede Mulheres Negras – PR, em alusão ao Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Transmitida via facebook ( @RedeMulheresNegrasPR), o evento contou também com a participação de outras quatro lideranças, entre elas, Isabela Cruz, quilombola e historiadora, Heliana Hemetério, historiadora e pós-graduada em gênero e raça, Nicole Machado, especialista em mediação cultural africana, e Ivanete Xavier, como moderadora, além de ser servidora pública federal, com formação em Gestão Pública.

Para a Ìyálorisa Joilda, a participação no evento foi algo desafiador, mas também gratificante. “Sempre é muito desafiador, assim como gratificante quando sou convidada a fazer uma fala sobre ser Mulher Negra e Religiosa de Religião de Matriz Africana e Afro-Brasileira, Candomblecista.   Representar Arapongas, a cidade que escolhi para viver e criar meus filhos, cidade que me acolheu há vinte e cinco anos atrás, quando sai da Bahia é algo especial.  Desde minha chegada em Arapongas, realizo trabalhos sociais voluntariamente para seres humanos em situações de vulnerabilidades e, a partir de 2015 foi legalizada as Entidades que fundei, o Templo Religioso de Matriz Africana e Afro Brasileira (Terreiro), o  Ilé Àse Ti Tóbi Ìyá Àfin Òsùn Alákétu e  a ONG AIABA – Associação Interdisciplinar Afro-Brasileira e Africana, onde sou Fundadora/Presidenta e Sacerdotisa/Ìyálòrísá responsável”, disse.

Além disso, através de sua atuação, são desenvolvidos projetos dentro de Instituições de   Educação  Pública e Privada, Instituições de Acolhimento Público e Privado,  Núcleo Regional de Educação, e também participações dentro de Conselhos, Conferências, e diversas atividades na sede do Terreiro,  a ampliação das lutas diárias Contra a Discriminação Racial, todo e qualquer tipo de racismos, intolerância religiosa,  preconceitos, homofobia, violência contra a mulher,  outros tipos de violação dos Direitos Humanos e Direitos Sociais,  ampliando o acolhimento das populações vulneráveis e  de seres  humanos em situações  de vulnerabilidade.

Tema em Live

Filiada desde o ano de 2015 na Rede Mulheres Negras – PR, a Sacerdotisa Ìyálorisa Joilda Ti Osùn –  Joilda Pereira de Jesus abriu espaço para a discussão do tema: “Mulheres Negras: Unidade na Diversidade, para elucidar os desafios de ser Mulher Negra de Religião de Matriz Africana, candomblecista”. “Minha fala foi pautada sobre a discriminação racial que vivencio diariamente por ser mulher, negra e de religião de matriz africana. Frisei que quanto mais debatermos sobre o tema proposto tiramos da invisibilidade, já que o racismo existe há mais de 500 anos neste país.  Sim, é a luta constante para que a população negra tenha acesso as mesmas oportunidades das demais raças. Somos seres humanos, e independente de da cor temos o direito à saúde – com políticas voltada a algumas especificidades – e a vulnerabilidade da raça, principalmente neste momento de Pandemia da Covid-19 que temos vivido há mais de um ano, onde precisamos de vacinas, comida saudável na mesa e educação.  No geral tem aumentado no silêncio da pandemia os índices de violência contra a mulher e feminicídios, onde a maioria das vítimas são mulheres negras”, afirma.

Para ela, quanto maior o espaço para o debate de todos esses temas, maior o alcance e busca por mudanças positivas. “Quanto maior for o espaço de fala no recorte étnico/racial, populações vulneráveis, população negra, povos originários, povos e comunidades tradicionais, povos e comunidades tradicionais de religiões de matriz africana e afro-brasileira  maior será a visibilidade das dificuldades sentidas no dia-a -dia de pessoas negras e de religiões de matriz africana e afro-brasileira.   O conhecimento que se adquire de nossos direitos, e que nos nutre para podermos cobrar a efetivação das políticas públicas específicas à raça negra como erradicação do racismo, violência contra mulheres negras, saúde e prevenção com feeling voltado à vulnerabilidade e humanização necessária para diminuir as diferenças raciais”, reforça.

LEIS

Ainda segundo ela, um outro passo positivo para as questões que envolvam a população negra é a implementação de novas leis. “Visto que vivemos em um país com Leis que precisam ser implementadas, sair do papel. Temos como exemplo a Lei 7.716/89  que trata a discriminação ou preconceito de raça ou de cor;  Lei 12.288/10 institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e as demais formas de intolerância étnica; Lei 10.639/03 que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressaltando a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira. O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da escravidão negra africana. Além da Lei 11.645/08 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática ‘História e cultura afro-brasileira e indígena’”, explica.

A Ìyálorisa Joilda encerrou dizendo que “a luta contra a discriminação racial já teve avanços, mas é necessário que tenhamos a consciência que precisa avançar muito ainda. Em Arapongas, temos gestores com o olhar diferenciado em relação a políticas negras que apoiam ensaio sensíveis às questões raciais, implantando as políticas públicas voltadas a população negra”, finaliza.

Fonte: Prefeitura de Arapongas