Oficinas abrem a 4ª etapa do Programa Caminhos do Graffiti em Londrina
Pintura do viaduto da Avenida Santos Dumont será coordenada pelo grafiteiro Zion, do CapStyle Crew, mais o convidado Gard Pam, de Curitiba
O Programa Caminhos do Graffiti, que tem colorido e levado arte aos viadutos localizados sobre a Avenida Dez de Dezembro, iniciou na terça-feira (5) mais uma etapa, com dois dias seguidos de oficinas práticas e teóricas. O tema abordado nesta fase será Aviação, já que o viaduto selecionado fica na Avenida Santos Dumont.
Preparando o viaduto para receber os grafites, uma equipe já começou a pintura de base na estrutura e a Secretaria Municipal do Ambiente (Sema) fez a poda dos galhos. E desde terça (5), os alunos participam de oficinas práticas e teóricas conduzidas pelo grafiteiro que é responsável pelos trabalhos desta semana, o artista Zion, do CapStyle. Para contribuir com os trabalhos, o grafiteiro Gard Pam será o artista convidado, diretamente de Curitiba.
Esta é a quarta etapa e o terceiro viaduto contemplado pelo Caminhos do Graffiti, uma iniciativa da Prefeitura de Londrina realizada em parceria com a Associação Londrinense de Circo (ALC) e o Coletivo Capstyle. O programa possui patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) e integra a Fábrica – Rede Popular de Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
As oficinas são realizadas presencialmente, na sede da ALC, das 14h às 17h. O endereço é Avenida Saul Elkind, 790. Participam os vinte inscritos no programa; dentre eles dez contam com uma bolsa para auxílios dos custos, no valor de R$500.
Um dos bolsistas é o estudante pré-vestibular, Luis Eduardo Alexandre Gonzaga, de 18 anos. Há muito tempo interessado em aprender a grafitar, ele não tinha conseguido essa oportunidade até ser selecionado pelo programa. “Sempre tive vontade de aprender e fazer grafite, mas minha mãe não deixava por receio. Meus pais tinham medo de ser algo que colocasse a gente numa situação ruim, até porque na minha vizinhança a questão do tráfico e da violência fazem a gente ficar preso em casa. E desde que comecei o programa, as oficinas, estou gostando demais. É muito bacana, consegui aprender muita coisa”, citou.
Segundo Gonzaga, que é um dos alunos mais assíduos das oficinas e das pinturas nos viadutos, a bolsa auxílio viabiliza a participação nas atividades. “Sem a bolsa eu não poderia participar aqui, estaria trabalhando o dia todo e estudando à noite para o vestibular. E agora consigo conciliar o grafite e os estudos. Quero prestar para Biomedicina, porque mesmo gostando demais da arte nunca cogitei trabalhar com isso. Eu nunca tive contato com alguém que conseguiu crescer trabalhando com arte; mas agora estou vendo de perto, e tendo vontade”, confessou.
Com estimativa de fazer um trabalho prático nesta quarta-feira (6), o grafiteiro Zion abordou, no primeiro encontro, alguns conceitos importantes e relacionados à cultura hip hop, na qual o graffiti é um dos principais elementos de manifestação artística. “O fruto maior do projeto será fazer com que novos artistas apareçam, que mais pessoas criem vontade de pintar, ampliem sua visão cultural e respeitem mais esse trabalho. Espero que o programa também traga mais visibilidade para a arte de rua, incluindo o grafite. Se, de todo projeto que fizermos, ou dentre todas as pessoas alcançadas, a gente conseguir que uma, duas ou três comecem a pintar, teremos uma cidade com melhor formação cultural. E cultura significa mais conhecimento, educação, entre muitas outras coisas benéficas”, detalhou.
Integrante do CapStyle Crew, mas residindo em Apucarana, Zion já conhece e faz grafite há muitos anos, mas contou que só se considerou um grafiteiro oito anos atrás. “Eu era ferroviário, e há um ano larguei tudo para viver dessa arte. Estou me dedicando cada vez mais e buscando conhecimento para conseguir passar adiante. Tenho certeza de que todo trabalho que fazemos rende frutos, e se você levar a sério tudo o que faz, vai dar bom. No grafite você tem que buscar conhecimento, saber as leis, se dedicar bastante, e trabalha todo dia, como uma empresa, o dia todo. É preciso levar a sério para fazer acontecer, e com dedicação seu esforço vai render frutos e você vai conseguir também”, repassou aos alunos.
Acompanhando a oficina, um dos gestores da Associação Londrinense de Circo, Sérgio Oliveira, citou que a repercussão do Caminhos do Graffiti está muito positiva e os resultados já estão despontando. “Tanto pela arte, que está mudando a paisagem de Londrina, quanto pelas pessoas em processo de aprendizagem, que estão tendo contato com grafiteiros renomados. Tudo isso é muito bacana e esse projeto é muito importante, tanto que a Prefeitura investe nele os recursos públicos. O Município poderia ter aberto uma licitação e contratado uma empresa de pintura para os viadutos, o que sairia muito mais caro e usaria uma cor única. Mas optou por passar essa responsabilidade para um grupo de artistas, de pessoas criativas, e com isso a gente muda muita coisa, além da paisagem”, destacou.
Reforçando as oportunidades abertas aos jovens e adolescentes que estão aprendendo sobre o grafite, Oliveira comentou que um dos ganhos também envolve reduzir as pichações, por atrair esses jovens para a arte e a cultura de rua. “Já falamos com eles sobre empregabilidade, geração e complemento de renda por meio do grafite, e sabemos que em Londrina é muito difícil ter lugares que oferecem aulas de grafite como essas. Mas queremos abrir possibilidades para que pessoas que não teriam essa oportunidade possam trilhar esse caminho”, concluiu.
A pintura do viaduto da Santos Dumont começa nesta quinta-feira (7), pela manhã, e a previsão é concluir no domingo (10).
Fonte: Blog de Londrina