Projeto da UEL desenvolve novo modelo de máscara cirúrgica de alta proteção
Projeto desenvolvido por professores dos Departamentos de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde (CCS), e de Design, do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA) resultou no desenvolvimento e produção de um novo modelo de máscara recomendada para profissionais de saúde que poderá substituir o tradicional utilizado em ambiente hospitalar, mas que devido à grande procura, encontra-se em falta no mercado mundial. Um primeiro lote de aproximadamente 400 unidades foi entregue nesta terça-feira (14), à direção do Hospital Universitário (HU) da UEL.Outras cerca de 15 mil unidades deverão ser produzidas nas próximas semanas pelos detentos da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL I), por meio de acordo estabelecido entre a UEL e a unidade prisional. O objetivo é aproveitar a mão de obra dos detentos para a produção em larga escala, atendendo uma necessidade de urgência do HU/UEL, que é o hospital de referência para tratamento do coronavírus. Os modelos são feitos em SMS (Spunbond Meltblown Spunbond), seguindo Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).Segundo o reitor da UEL, Sérgio Carvalho, trata-se de um Equipamento de Proteção Individual (EPI) recomendado para os profissionais de saúde neste momento de excepcionalidade. Ele considera o novo modelo de máscara como inovação, uma vez que se trata de um produto confeccionado a partir de pesquisa acadêmica e que chega ao conjunto da sociedade trazendo grande benefício.“O trabalho dos pesquisadores foi dar nova vida a um produto conhecido, no caso o SMS. Foi uma adaptação que agora será largamente utilizado pelos profissionais de saúde pública”, definiu Sérgio Carvalho. Segundo ele, a iniciativa da UEL deverá agora ser informada ao Governo Estadual, uma vez que várias Universidades públicas do estado também estão atuando em várias frentes, inclusive utilizando a disponibilidade de detentos para produção em larga escala. “Para nós o mais importante é destacar que uma produção científica doméstica nos liberta do mercado internacional neste momento, nos dando segurança para atender os pacientes”, afirmou.A superintendente do Hospital Universitário, Vivian Feijo, destacou que houve, por causa do coronavírus, um aumento na procura pelos equipamentos de proteção individual (EPIs) e o hospital se deparou com escassez da máscara no mercado. Ela ressalta que mesmo tendo recursos financeiros para comprar o produto, não está fácil encontrá-lo em grande quantidade.Vivian Feijó ressaltou o papel da equipe da UEL, liderada pelas professoras Danielly Negrão e Thassiana Miotto, na produção de máscaras para o HU. “Só podemos destacar nossa gratidão à essa equipe que teve ousadia de ter a ideia do projeto, colocar no papel, buscar apoiadores e fazer acontecer”, afirma a superintendente do hospital. “Para que o mundo se desenvolva e obtenha resultado, precisamos de gente ousada. Que alegria encontrarmos nos dias de hoje um grupo de professores motivados”. Parceria – A iniciativa partiu das professoras Danielly Negrão, do Departamento de Enfermagem, do CCS, e Thassiana Miotto, do Departamento de Design, CECA, preocupadas em oferecer proteção e segurança às equipes de saúde que atendem no HU/UEL. Além do lote de cerca de 400 máscaras entregues nesta terça-feira, as professoras já produziram outras quatro mil unidades, a partir do modelo da máscara tradicional.
A professora Thassiana Miotto explica que a modelo é indicado para proteção, principalmente, das vias aéreas na realização de procedimentos de saúde. A diferença para o protótipo desenvolvido é que a modelagem deste apresenta maior vedação. “Agora nessa situação em que estamos vivendo, a gente precisa barrar o aerossol quando a pessoa tosse ou espirra. Essa máscara foi pensada para não deixar espaço para nenhuma partícula entrar em contato com o profissional de saúde”, afirma a professora.O projeto recebeu a doação de material para a produção de 15 mil unidades. Parceira da proposta, a confecção Cris Jeans, de Cambé, foi a responsável pelo corte do material. A costura e a finalização das máscaras serão feitas por duas empresas (Di Hoffmann e Santa Seta), também voluntárias no projeto. A professora Danielly Negrão afirma que, também, está consolidada a parceria com a direção da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL I) para usar a mão de obra dos internos da unidade.Ela lembra que a confecção das máscaras em SMS está em consonância com resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) Nº 356, de 23 de março último, dispõe “sobre os requisitos para a fabricação, importação e aquisição de dispositivos médicos identificados como prioritários para uso em serviços de saúde”.A Resolução trata de normas em regime excepcional e tem validade por 180 dias, em virtude da emergência de saúde pública internacional relacionada ao coronavírus. “Assim, nossas máscaras em SMS são consideradas EPI [equipamento de proteção individual] com cobertura pela legislação”, diz a professora.Tutorial – Os cursos de Design de Moda e de Enfermagem produziram, no final de março, um tutorial para ensinar a confeccionar máscaras descartáveis em SMS. Esse material é vendido pela indústria como um não tecido e muito usado para embalar os instrumentos cirúrgicos. O tutorial pode ser usado para a confecção das máscaras por qualquer hospital e clínica que tenha o produto.O tutorial da UEL alerta que essas máscaras são para uso em situações extremas e devem seguir as recomendações de uso das máscaras de TNT descartáveis. O projeto do Design e da Enfermagem fornece – além do tutorial – os moldes e um manual técnico para a confecção das máscaras, ensinando o processo de costura. Na matéria abaixo, confira o tutorial e, na sequência, o molde e o manual técnico para a elaboração das máscaras.
Fonte: Agência UEL