Eclipse solar anular acontece no sábado (14); veja horário e fotos do fenômeno
Um eclipse solar anular (ou anelar) poderá ser visto do Brasil no próximo sábado (14), com início em horário variável conforme a localidade do observador. O fenômeno, que acontece anualmente, ocorre quando a Lua se posiciona entre o Sol e a Terra, criando uma sombra sobre a estrela. Em 2023, terá melhor visibilidade em estados do Norte e do Nordeste — mais especificamente no Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins —, mas outros lugares do país observarão uma cobertura parcial do Sol também.
Embora não sejam raros, os eclipses solares nem sempre podem ser vistos do Brasil. O motivo disso é a diferença de tamanho entre o Sol e a Lua, que faz com que a sombra projetada seja visível apenas em ângulos específicos do planeta. Apesar disso, especialistas ouvidos pelo O GLOBO não recomendam olhar diretamente para o evento enquanto ele acontece.
Abaixo, veja fotos do fenômeno e confira o que você precisa saber para ver o eclipse solar anular de sábado com segurança:
Por que não é seguro olhar para o eclipse solar?
O astrônomo Marcelo Zurita, diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros, explicou a O GLOBO que o perigo da observação a olho nu não está no eclipse, mas sim no Sol. Isso porque a estrela emite tanta luz e radiação que pode queimar a retina.
— Na prática, o que acontece é que a nossa córnea funciona como uma lente, que vai concentrar a luz solar lá no fundo da nossa retina. Assim como acontece se a gente pegar uma lente ou lupa para aquecer um ponto, queimar uma folha de papel, é a mesma coisa que acontece com a nossa retina: ela vai ser queimada pela luz, pela radiação concentrada do Sol — disse Zurita.
Segundo Zurita, a exposição contínua à luz solar provoca feridas na retina — e, dependendo do caso, elas podem infeccionar e levar à cegueira. Por isso, o astrônomo recomenda não olhar diretamente para o Sol de maneira geral, e não apenas quando houver eclipses. Outro especialista consultado pelo O GLOBO, o físico Anisio Lasievicz concorda:
— Jamais [devemos] olhar para o Sol, independente de ser em eclipse ou não. A quantidade de luz que o Sol emite é prejudicial aos nossos olhos se a gente olhar diretamente para ele, independente da situação — completa.
Que horas vai começar o eclipse solar de sábado (14)?
De maneira geral, no Brasil, o eclipse solar anelar de 2023 deve começar por volta das 15h (horário de Brasília), mas a hora em que o fenômeno atinge o seu pico — ou seja, o momento em que a Lua fica completamente posicionada entre o Sol e a Terra — varia de acordo com a localização do observador.
Em Manaus, no Amazonas, por exemplo, a expectativa é de que o eclipse chegue ao seu ponto máximo entre 15h e 15h30. Já em João Pessoa, na Paraíba, o pico deve acontecer por volta das 16h40.
De acordo com o Observatório Nacional brasileiro, o fenômeno de 2023 chegará ao seu fim na costa leste do Brasil pelas 17h30 (horário de Brasília).
Posso ver o eclipse solar de 2023 pela tela do celular? Como fotografar o fenômeno?
Observar o eclipse solar pela tela do celular pode, à primeira vista, parecer uma forma segura de visualizá-lo, mas isso só é realidade se o observador não estiver olhando em direção ao Sol — o que é praticamente impossível de se fazer enquanto você tenta gravar ou fotografar o fenômeno. O físico Anisio Lasievicz, diretor do Parque da Ciência Newton Freire Maia, explica:
— Como o Sol está na direção do celular, [as pessoas] vão acabar também olhando para o Sol.
Além de haver esse risco, caso não sejam aplicados filtros específicos à lente do celular, a gravação ou a foto podem ficar estouradas, já que o dispositivo por si só provavelmente não será capaz de se adequar à quantidade de luz emitida pelo Sol durante o fenômeno.
Os especialistas consultados pelo O GLOBO indicam que a melhor forma de fotografar os eclipses solares é utilizando filtros UV nas lentes, já que eles equilibrarão a quantidade de luz recebida pelos dispositivos.
Agora, se você pretende registrar o fenômeno de sábado (14) com uma câmera DSLR, precisa ter um cuidado especial:
— Como essas câmeras DSLR têm um sistema de espelhos para jogar a imagem que a gente quer fotografar naquele visor ótico, é muito perigoso botar o olho ali, porque vai haver radiação concentrada do Sol naquele ponto. Então, jamais, com uma câmera DSLR, utilizar o visor ótico para focalizar o Sol. Se for fotografar o Sol com câmera DSLR, habilite o live view. E se a câmera não tiver live view, vá na sorte. — explicou a O GLOBO o astrônomo Marcelo Zurita.
Como ver o eclipse solar de 2023 de forma segura?
Apesar de não ser indicado assistir ao eclipse solar a olho nu, existem algumas formas de ver o fenômeno sem prejudicar os olhos. Os especialistas consultados por O GLOBO apontaram métodos indiretos e diretos de visualização do evento:
— A forma mais segura de observar o Sol é utilizando filtros adequados. Existem óculos específicos pra observação solar, que têm certificação ISO e são feitos propriamente para isso, e existe o vidro de soldador, que é uma improvisação que funciona. — disse Zurita.
Segundo Lasievicz, para ter segurança na hora de olhar o eclipse solar, o vidro soldador utilizado deve ser de tonalidade N 14 ou acima. O físico indica que qualquer fator abaixo desse — ou seja, N 10 ou N 12 — não fará a proteção necessária da retina. Além disso, esse método também requer outro cuidado:
— A gente não pode, utilizando o vidro de soldador, observar por muito tempo, porque ele filtra, sim, parte da radiação, mas ainda assim deixa passar alguma coisa, então se a gente deixar o olho muito tempo exposto a essa radiação, pode causar algum dano também. O recomendado é olhar por uns 10 segundos e descansar a vista por mais 30, 40 segundos, até voltar a olhar novamente. — alertou o astrônomo Marcelo Zurita.
Outra maneira segura de ver o eclipse solar é fazendo uma observação indireta do evento. O Observatório Nacional do Brasil, por exemplo, vai fazer uma transmissão ao vivo do fenômeno. A live pode ser vista pelo YouTube a partir das 11h30 (horário de Brasília) de sábado, que é quando o eclipse iniciará nos Estados Unidos.
Além disso, em alguns estados, planetários e institutos de educação farão uma observação conjunta e segura do fenômeno. É possível conferir o mapa de lugares no site oficial do Observatório Nacional.
Quando aconteceu o último eclipse solar anular?
O eclipse anular, no entanto, não é um evento raro. No entanto, somente pode ser visto em poucos lugares do planeta. O último, por exemplo, aconteceu em 2021, mas nenhum lugar do Brasil conseguiu vê-lo.
Qual é a diferença entre eclipse anular e o eclipse total?
Ao portal do Observatório Nacional, a astrônoma Josina Nascimento explica que a diferença entre o eclipse anular e o eclipse total é que, no primeiro caso, a lua fica mais distante da Terra. O diâmetro aparente dela, portanto, aparece diferente do diâmetro aparente do sol.
— Tanto no eclipse total quanto no anular a lua está alinhada entre a Terra e o sol, bloqueando toda ou a maior parte da luz do sol em uma parte da superfície da Terra. A sombra mais escura, onde toda a luz solar é bloqueada, é chamada umbra. Em torno da umbra se define a sombra mais clara, a penumbra, onde a luz solar é parcialmente bloqueada e o eclipse é visto como parcial — diz Josina ao Observatório.
Fonte: OGLOBO