UFPR trata bloqueio de 14,5% da verba para custeio e investimento de universidades federais como ‘tragédia nacional’

Instituição teve bloqueado o montante de R$ 25.691.096; segundo a universidade, corte torna impossível manter compromissos, bolsas e planos até o final deste exercício. ‘A ciência se paralisa, o futuro se fecha’, comenta o reitor.

O Ministério da Educação bloqueou, na sexta-feira (27), 14,5% da verba das universidades e institutos federais para despesas de custeio e investimento. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) tratou a decisão como “tragédia nacional”, que torna impossível manter compromissos.

A nossa UFPR teve bloqueado em seu orçamento o montante de R$ 25.691.096. Esse corte, torna impossível manter compromissos, bolsas e planos até o final deste exercício. Isso é uma realidade crua para nós e para todas as universidades federais. Quem sofre é o futuro, as novas gerações e o nosso desenvolvimento econômico e tecnológico. Parece que ciência, universidades e o futuro estão no final na fila no Brasil. Uma vitória do obscurantismo”.

Em uma rede social, o reitor da instituição, Ricardo Marcelo Fonseca, afirmou que dessa forma as universidades se inviabilizam para 2022.

“O governo bloqueou R$ 3,23 bi dos orçamentos das Universidades e Institutos federais. Bloqueou também R$ 2,92 bi do orçamento da ciência e tecnologia. Para a UFPR são R$ 25,6 mi a menos. A ciência se paralisa. O futuro se fecha”.

 

A decisão também afeta, na mesma proporção de 14,5%, o orçamento dito “discricionário” de entidades vinculadas ao MEC como a Capes (que coordena os cursos de pós-graduação), a Ebserh (que gerencia hospitais universitários) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que auxilia estados e municípios a garantir educação básica de qualidade.

UFPR trata bloqueio de 14,5% da verba para custeio e investimento de universidades federais como 'tragédia nacional' — Foto: Divulgação/UFPR

UFPR trata bloqueio de 14,5% da verba para custeio e investimento de universidades federais como ‘tragédia nacional’ — Foto: Divulgação/UFPR

O discricionário se refere aos valores que cada universidade pode definir como aplicar, excluindo despesas obrigatórias como salários e aposentadorias de professores: por exemplo, pagamento de bolsas e auxílio estudantil, contas de água e telefone, contratos de segurança e manutenção.

O governo diz que o contingenciamento é necessário para cumprir o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas.

O bloqueio feito em 2022 deve ser maior que o previsto, no entanto, porque o Executivo tenta encaixar nesse limite a promessa de dar reajuste aos servidores públicos federais.

Ao todo, R$ 14 bilhões devem ser bloqueados em todo o governo federal para garantir um reajuste de 5% em ano eleitoral.

Em nota, a pasta informou que haverá depois a possibilidade de solicitar alterações das programações bloqueadas.

As universidades federais brasileiras detém 80% do conhecimento e desenvolvimento científico no país.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior afirma ser “inadmissível, incompreensível e injustificável” e pede pela recomposição do orçamento.

Cortes

 

Mesmo com a retomada das atividades presenciais, a UFPR havia sofrido um corte de R$ 11 milhões no orçamento deste ano, comparando com o ano anterior.

Segundo a universidade, já era um montante aquém das necessidades, menor até mesmo que o orçamento de 2020.

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Para não cortar bolsas, ou auxílios, a administração da universidade fez um planejamento, economizando, para manter esses benefícios.

O orçamento de 2022 já estava planejado, mas, com mais esse corte anunciado na sexta-feira, não vai poder administrar todo o valor que tinha sido aprovado.

Fonte: G1