Satélites lançados pela Spacex serão visíveis a olho nu no norte do Paraná

Parecia uma cena de um filme de ficção científica: na Holanda, o astrônomo Marco Langbroek registrou, no último fim de semana, uma imagem noturna de uma fileira de satélites da SpaceX que passam no céu. Chamou atenção o brilho intenso dos satélites.

Mas a novidade preocupa astrônomos: o conjunto de satélites — atualmente com 60 aparelhos, mas que aspira chegar a 12.000 satélites para prover internet ao redor do mundo — poderia ameaçar a visão noturna do cosmos e complicar a exploração científica.

O lançamento foi acompanhado no mundo todo e é parte de um projeto chamado Starlink, cujo objetivo é prover internet a partir do espaço. Elon Musk, que também é dono da montadora de carros elétricos Tesla, é quem está por trás da empresa espacial.

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O problema é que está começando a ficar claro que os satélites são fáceis de observar a olho nu. Isso significa uma nova dificuldade para os pesquisadores, que já têm que encontrar soluções para lidar com os objetos luminosos que saturam imagens do espaço e dificultam o estudo da astronomia.

“As pessoas estão fazendo extrapolações de que se estes satélites, nestas novas mega constelações, tenham esse brilho estável, em 20 anos ou menos, por uma boa parte da noite veremos mais satélites que estrelas em qualquer lugar do mundo”, disse Bill Keel, astrônomo da Universidade do Alabama, à AFP.

A Starlink começará a funcionar assim que forem ativados 800 satélites, o que exigirá uma dúzia de lançamentos além do que já aconteceu. “Acredito que dentro de um ano e meio, talvez dois, se as coisas forem bem, é provável que SpaceX tenha mais satélites em órbita que todos os demais satélites combinados”, disse Musk na semana passada.

A SpaceX, de Elon Musk, é só uma das muitas companhias que buscam entrar no negócio de fornecimento da internet a partir do espaço.

Desde que foram vistos na Holanda, o brilho dos satélites diminuiu, pois a trajetória se estabilizou e os aparelhos continuaram a subida até a posição final, a uma altura de 550 quilômetros. Mas isso não dissipou totalmente as preocupações dos cientistas sobre o que virá depois.

Atualmente há 2.100 satélites ativos orbitando nosso planeta, segundo a Associação da Indústria de Satélites. Se forem somados 12.000 só por parte da SpaceX, logo “serão centenas sobre o horizonte”, disse Jonathan McDowell, do Centro de Astrofísica Harvard Smithsonian.

Para ele, o problema se potencializará em certos momentos do ano. “Definitivamente causará problemas para alguns tipos de observação astronômica profissional”, disse ele à AFP.

Fonte: G1