Festas de Ano Novo estão canceladas no litoral do Paraná, diz associação

O presidente da Associação dos Municípios do Litoral do Paraná (Amlipa), Ruy Hauer Reichert, afirmou, nesta quarta-feira (9), que não haverá festas de Ano Novo no litoral do estado por causa da pandemia do novo coronavírus.

De acordo com o presidente, a decisão foi tomada em conjunto pelo no fórum intermunicipal, que reúne os prefeitos do litoral, secretários municipais de saúde, diretores de vigilância sanitária e representantes do governo do Paraná.

Ruy Hauer (PL), que também é prefeito de Matinhos, disse ao G1 que a queima de fogos foi cancelada, assim como os trios elétricos, para evitar a aglomeração de pessoas.

De acordo com o prefeito de Guaratuba, Roberto Justus (DEM), foi elaborado um decreto em conjunto com os municípios do litoral e cada cidade irá publicar as medidas preventivas determinadas.

“Todos os prefeitos já definiram que não terá festa de réveillon no litoral. Mesmo que quiséssemos, não dá mais tempo de organizar, pois dependemos de licitação. Além do fato de estar proibido eventos com aglomerações agora, o cenário indica que não vai haver um ambiente seguro daqui 12 dias, quando termina o prazo do governador”, disse Justus.

Os municípios do litoral estão seguindo o decreto do governo do Paraná, que determinou lei seca, toque de recolher e proibiu eventos presenciais com mais de dez pessoas.

Conscientização

Conforme o prefeito da associação, são tempos difíceis e, por isso, a medida precisou ser tomada.

“É muito triste e muito preocupante. As pessoas passam os melhores momentos da vida na praia, nas férias, o litoral é lindo, então é difícil dizer para que as pessoas não venham. Mas o mais importante é conscientização de todos. O comércio tem se comportado bem, cumprido tudo, mas o problema é nos feriados e fins de semana. É aquele velho ditado: ‘na praia pode tudo’. Mas na verdade não pode e as pessoas acabam se descuidando”, explicou Reichert.

O prefeito de Guaratuba disse ainda que não seria condizente pedir para a população não se aglomerar e realizar um evento que reúne as pessoas. Será um ano com uma temporada atípica.

“Não consigo pensar como vai ser uma virada de ano sem festa de réveillon, é difícil pensar como vai ser. Vai ser uma temporada em tempos de pandemia, com pessoas preocupadas.”

O fórum intermunicipal, que discute as medidas de combate à Covid-19 no litoral, tem analisado com frequência o andamento dos casos e situação do sistema de saúde.

Caso o decreto estadual seja suspenso no dia 19 de dezembro, como é previsto, novas medidas restritivas ou flexíveis poderão ser tomadas no litoral.

O prefeito informou ainda que as possibilidades de lockdown e a instalação de barreiras sanitárias em Guaratuba ainda não foram descartadas, que serão avaliadas conforme o passar dos dias e análise do cenário pandêmico.

Sistema de saúde no litoral

Conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), até terça-feira, a 1ª Regional de Saúde estava com a taxa de ocupação em 95% nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da ala Covid-19.

Isso significa que dos 20 leitos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apenas um está livre no Hospital Regional do Litoral.

Na enfermaria, dos 10 leitos ofertados, um deles estava disponível para pacientes com a doença.

De acordo com o prefeito de Guaratuba, a princípio, não haverá decretos restritivos na cidade, pois o mais importante é a conscientização de cada cidadão, que deve respeitar as medidas de prevenção.

“As pessoas que vieram para o litoral vão assumir o risco de contaminação ainda maior, porque a nossa regional está em uma situação difícil. A chance da pessoa vir para cá já contaminada é menor do que ela vir para cá e pegar a doença aqui, no litoral. Não temos leitos de UTI nem para o morador, então não haverá leitos para quem quiser vir.”

O municípios de abrangência da 1ª Regional de Saúde são Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná.

A regional faz parte da macrorregião Leste, que também abrange Curitiba e cidades como Ponta Grossa e Guarapuava.

De todo o estado, essa é a macrorregião na pior situação em relação aos leitos de UTIs para adultos, com a taxa de ocupação em 92%.

Fonte: G1