Ministério Público investiga frascos de CoronaVac identificados com quantidade menor de doses no Paraná

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou, nesta quinta-feira (15), que abriu apuração para investigar a informação de que frascos da vacina CoronaVac foram enviadas com quantidades menores de imunizante que as descritas na embalagem.

Curitiba e pelo menos outras seis prefeituras do estado identificaram frascos que tiveram rendimento menor de aplicação, sendo suficientes para apenas nove doses, enquanto o previsto na embalagem era de 10.

A notícia de fato foi instaurada pela Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública da Capital, a partir da repercussão do caso na imprensa.

Se comprovado, conforme o MP-PR, o problema em frascos dos lotes da 8ª e 9ª remessas de vacinas contra a Covid-19 pode ter causado prejuízo ao cumprimento do calendário municipal de imunização.

Em Curitiba, de acordo com o município, foram quase 5 mil doses a menos. As prefeituras de Londrina, Cianorte, Foz do Iguaçu, Umuarama, Ponta Grossa e Cascavel também relataram o problema.

O Instituto Butantan de São Paulo, que fabrica a CoronaVac, tem informado que a quantidade de vacina nos frascos foi enviada corretamente, e defende que o que ocorreu foi uma prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação.

Prefeitura de Curitiba usou doses da segunda etapa

A Prefeitura de Curitiba informou que o problema fez com que parte do estoque da vacina reservado para segunda dose fosse utilizado para primeira aplicação. O caso aconteceu em imunizantes recebidos na oitava remessa de vacinas.

Com isso, após a chegada de um novo lote à capital na quinta-feira (8), 4.790 doses de CoronaVac que deveriam ser destinadas para primeira aplicação foram repassadas para reposição do estoque de segunda dose.

A prefeitura informou que notificou o caso ao Ministério da Saúde por meio do Notivisa, um sistema desenvolvido pela Anvisa, e reforçou que o padrão das agulhas utilizadas é o mesmo desde o começo da vacinação na cidade.

Disse, também, “as equipes têm recebido constantemente treinamento para as boas práticas de vacinação”.

Butantan defende que não houve falha nos frascos

O Instituto Butantan afirmou que os frascos da CoronaVac são envasados com 5,7 mL e que o problema “não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan”.

“Todas as notificações recebidas pelo instituto até o momento relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação”, cita trecho da nota.

O Ministério da Saúde disse que a orientação da pasta é que estados e municípios registrem no formulário técnico quando não for possível aspirar o total de doses declaradas nos rótulos das vacinas.

A Anvisa afirmou que “observou um aumento de queixas técnicas relacionadas à redução de volume nas ampolas da vacina” e que os relatos estão sendo investigados como prioridade pela área de fiscalização da agência.

Disse, ainda, que avalia todas as hipóteses “para que se verifique a origem do problema e não haja prejuízos à vacinação em curso no país”.

Cidades do interior também relataram problema

Além da capital, o registro de frascos com menor rendimento aconteceu também em Londrina, Cianorte, Umuarama, Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu.

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) informou que os registros acontecem nas 27 unidades federativas e que a secretaria acompanha os relatos. Além disso, disse que todas as regionais de saúde e municípios estão orientados de como proceder caso identifiquem o problema.

Veja os detalhes das ocorrências por município:

  • Cianorte: Em notificação enviada ao MS em 8 de abril, a prefeitura informou que teve perda técnica de 203 doses de CoronaVac diante do menor rendimento do frasco;
  • Umuarama: Na cidade, a prefeitura afirmou que o problema foi identificado em um lote destinado a profissionais das forças de segurança, diminuindo em 10% o número das doses aplicadas, de 30 para 27 doses.
  • Londrina: A prefeitura informou que enviou notificações ao ministério, mas não informou quantos frascos chegaram com menor volume;
  • Ponta Grossa: A prefeitura informou que registrou o problema mais de uma vez, inclusive em um grande lote de vacinas da CoronaVac. Disse que identificou os lotes e irá enviar notificação ao MS na segunda-feira (12);
  • Cascavel: Por meio de nota, a prefeitura afirmou que é “comum em envasamento de medicamentos/vacinas alguns frascos apresentarem diferença de quantidade” e que os lotes eventualmente com estas alterações são identificados, registrados e estes dados encaminhados à Sesa”;
  • Foz do Iguaçu: Na cidade, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou a identificação de frascos com menos dose, mas disse que ainda não fez notificação ao ministério.

Autorização para mudança no frasco

No começo de março, a Anvisa autorizou que o Instituto Butantan alterasse o volume do frasco da CoronaVac para evitar desperdício do imunizante.

Conforme decisão, cada frasco passou de 6,2mL para 5,7 mL, com a manutenção de 10 doses por unidade.

“O pedido de atualização das condições aprovadas no uso emergencial foi feito pelo Butantan, após receber diversas notificações reportando excesso de doses nos frascos. O controle de qualidade do Instituto verificou que em todos os lotes produzidos foi possível retirar no mínimo 11 doses (7,2% dos lotes), e no máximo 12 doses (92,8% dos lotes)”, informou a Anvisa.

Fonte: G1